quinta-feira, 27 de março de 2014

CLONAGEM DE IGREJAS

 Chamou-me a atenção no site SEMENTE DA FÉ artigo referente à chamada CLONAGEM DE IGREJAS.
Nada mais é do que a utilização indevida de marcas tradicionais no meio protestante (evangélico). 
Na prática, isso significa que qualquer pessoa disposta a alugar ou emprestar uma salinha, pode colocar uma placa escrita “Igreja Assembléia de Deus” (ou Batista, ou Metodista, etc) e passar a reunir pessoas com fins religiosos (ou nem tanto). 
Isso é consequência direta do direito constitucional de liberdade religiosa, como também, do fato de que referidos nomes já caíram no domínio público (a Assembléia de Deus, por exemplo, já é centenária).
Por que essas novas igrejas insistem em usar velhos nomes ? Ora, pelo apelo popular, é claro. 
E por que esse apelo é tão necessário ? Certamente devido à concorrência religiosa feroz que se estabeleceu nos grandes centros urbanos, o que leva à escolha de nomenclaturas religiosas em que se misturam os nomes tradicionais e expressões apelativas ou cômicas, criadas alegadamente a partir de “experiências místicas”. 
E o que é pior: quem faz isso não comete nenhum ilícito, seja penal, seja civil.
Isso porque não existe nenhum tipo de controle, público ou privado, sobre as igrejas que são abertas (e nem poderia, por freio constitucional), muito menos sobre as lideranças escolhidas (ou auto-escolhidas).
As convenções de igrejas não são obrigatórias para ninguém, e mesmo nessas, não existe um controle tao rígido sobre como e o quê cada igreja-membro realiza, a não ser em casos extremos de heresia.
Dessa forma, pessoas mal-intencionadas ou simplesmente ignorantes quanto aos rudimentos da fé podem abrir uma facção religiosa e ensinar o que bem entenderem, contanto que não vá de encontro às leis pátrias. 
Com isso, “a porteira está aberta” para o surgimento de toda sorte de heresias e exageros. 

Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva, Triunfalismo, Misticismo, Naturismo (sim, igrejas de gente “pelada”), Homossexualismo, são apenas alguns dos “fogos estranhos” que vemos hoje em dia. 
Não se cometa aqui o erro de generalizar, dizendo que TODAS essas igrejas “clonadas” são arapucas, armadilhas para tirar dinheiro dos incautos, etc. Essa não é a nossa fala. Isso qualquer igreja pode vir a ser (inclusive as mais tradicionais e históricas), basta um descuido na doutrina e na vivência eclesiástica. Portanto, não é isso que está em jogo.
Segundo o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), essa “clonagem gospel” resulta, às vezes, em líderes sem qualquer preparo teológico ou eclesiástico, e visam apenas explorar a boa-fé-alheia, o que acaba afastando muitas pessoas do Evangelho, desiludindo-as com as igrejas em geral; além de sujar o nome das igrejas tradicionais, inclusive no aspecto financeiro (SPC, SERASA, etc). Mas reconhece que mesmo isso tem o seu lado positivo, já que também é um meio de semear o Evangelho ainda que por “mãos tortas”.
Embora o prejuízo maior seja das igrejas tradicionais, elas não podem ser responsabilizadas pelos escândalos e desmandos de pessoas que não fazem parte de seu corpo eclesiástico. Além disso, essas igrejas tradicionais não possuem nenhum mecanismo legal para coibir essa “clonagem”. Quando muito, podem pedir à “igreja clone” a mudança do nome, ou ainda, acionar a Justiça apenas e tão somente no caso de um nome já registrado (o que é bem raro).
Não se pode esquecer que as igrejas históricas e tradicionais, mesmo a maioria das pentecostais, tem um processo de seleção de membros e lideranças, de prestação de contas, possuem estatutos e regimentos, enfim, possuem uma forma de controle e transparência certamente maior e melhor que muitas “igrejas Dolly”.
E chegamos a um ponto que acredito importante sobre os desigrejados: é inegável que muitos deles deixaram de congregar em igrejas evangélicas. Os motivos são os mais variados, mas principalmente, os desmandos e maus-tratos a que foram submetidos.
Dessa forma, podemos concluir que muitas “igrejas clones” na verdade são “fábricas de desigrejados”. Que Deus tenha misericórdia de nós !


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