segunda-feira, 18 de abril de 2011

IGREJAS À VENDA !

Vivemos numa época em que qualquer coisa se tornou uma mercadoria, um produto. Bens móveis, imóveis, pessoas, objetos, sentimentos, emoções, tudo é negociável, podendo ser comprado, vendido, locado, sublocado, etc. As leis civis e os contratos se adaptam ao espantoso ritmo de negociação de tudo e de todos. Até mesmo a alma humana é negociável: quem já não ouviu a expressão “vender a alma ao diabo”?
 Nesse contexto, até mesmo a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus, se tornou uma mercadoria. Não estamos falando contra o comércio de Bíblias ou livros evangélicos. Falo aqui do mercadejo dos ensinos sagrados, conforme nos alerta o Apóstolo Pedro: E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas (2ª Pedro, 2.3).
Esta passagem bíblica é um alerta para todos os cristãos, deixando claro que existiram, existem e sempre existirão aqueles que procuram ganhar fama, riqueza, posição e honra “vendendo” os ensinos sagrados. Infelizmente, essa não é mais uma exclusividade dos charlatões da fé, ou seja, pessoas não-evangélicas, que nunca passaram por uma real transformação da vida, os estelionatários em geral, como foi retratado de forma cômica pelo ator Steve Martin na comédia “Fé demais não cheira bem”(Leap of Faith, EUA, 1992); perceba o chiste (fede mais não cheira bem).
Nada disso, amados. Hoje em dia, muitos que nasceram e se criaram em berço evangélico, às vezes até filhos, netos e bisnetos de obreiros fiéis e valorosos, venderam seus dons e talentos a um único objetivo: se dar bem. Há alguns dias atrás, ouvi com peso no coração um famoso cantor evangélico em visita à nossa cidade contar de sua infância sofrida no Nordeste, passando dificuldades com sua família, o pai pastor, toda a família evangélica, mas sofrendo necessidades; ele relatava que propôs em seu coração de menino “quando crescer, não vou ser assim, Deus vai ter que me dar prosperidade”, e em seguida contava do condomínio luxuoso onde mora hoje em dia, do carro importado último tipo que dirige, e assim por diante.
Muitos são como ele. Confundem prosperidade com riqueza material; esperam em Cristo só nesta vida; querem o céu na terra; são ricos, e de nada tem falta.
Não sou defensor da Teologia da Miséria. Mas será que foi para isso que Deus nos colocou nesta terra ? para nos tornar milionários ? Mas alguém pode perguntar: dinheiro não dá em árvores; algo precisa ser vendido para que haja lucro e essas pessoas enriqueçam, então, qual a mercadoria ? A resposta é simples e triste: pregações, cânticos, ensinos, palavras, que deixam de se tornar um instrumento na propagação do Reino de Deus, para serem um rentável produto, voltado para um Evangelho antropocêntrico, humanista, triunfalista, emocional e carregado de Teologia de Prosperidade.
Portanto, cuidado: ninguém está livre dessa ambição. “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”, nos alerta o Apóstolo Paulo. “Ah, isso nunca vai acontecer comigo, sou um servo de Deus”, você pode até dizer. É mesmo um servo de Deus ? Então, vigie, pois como disse Jesus “Bem-aventurado aquele servo que, quando seu senhor voltar, achar fazendo assim”. Muitos dessa gentalha começaram bem sua carreira cristã, mas foram impedidos por alguma coisa, para não continuarem no caminho da verdade (Carta aos Gálatas, 5.7).
Existem até mesmo aqueles que, nas épocas de eleições estaduais, municipais e federais, vendem suas igrejas, (LITERALMENTE, O PRÉDIO), com os membros dentro e tudo o mais que tiver !!! Outros são mais “suaves”, vendem apenas o voto de seus fiéis...
Cuidado com os “camelôs da fé”, vendendo (a altos cachês) um “Gizuz” pirata e falsificado, levando os últimos tostões de nosso suado dinheirinho, transformando em iates, mansões e jatinhos o que poderíamos usar para abençoar o trabalho local e ajudarmos os necessitados. E o que é pior: injetando em nossos corações o veneno do “sonho americano” na versão gospel: você pode ser pobre e miserável, mas pode chegar até onde eu cheguei, com seu esforço e alguma ajuda de Deus...

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